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“Desculpe, não vou falar mais com ele”

“Tá bom, vou trocar de roupa”

“Não precisa ficar nervoso, vou excluir os meus contatos”

“Não vou hoje, o ͚amor͛ ficou bravo quando eu disse que ia sozinha”

“Imagina, eu não posso sair sem ele”

“Não foi por mal, é só ciúme. Quem ama cuida”

Verdade seja dita, quando se está apaixonada, defeitos gritantes da pessoa amada passam despercebidos, viram um mero detalhe no cotidiano passional. Comportamentos agressivos, egoístas, dominadores e controladores se disfarçam de proteção, cuidado e zelo.

Doce ilusão.

O tempo vai passar e você vai trocar seu guarda-roupa. Verá seus amigos em meros encontros casuais na rua ou no mercado. Vai deixar de frequentar os lugares que mais gostava. Vai ter dificuldade para escolher algo para si mesma. Não vai conseguir tomar uma simples decisão sozinha, porque já se acostumou a agir sob o aval do outro. Vai se enterrar em uma relação de cárcere. Vai afastar-se de si mesma.

Quem nunca proferiu alguma dessas frases tentando acreditar que havia algo maior e mais profundo na relação? Ou quem nunca as ouviu como justificativas baratas da melhor amiga? Dá vontade de gritar: – Que cegueira é essa?!

É uma névoa que confunde amor com falta de respeito.  Não estou aqui falando como expert profissional no assunto, mas sim, para transcrever o desabafo de sobrevivente desse tipo de tortura.

Liberte-se das desculpas e justificativas.

Fuja desse ambiente de perseguição.

Livre-se do conceito de domínio.

A conclusão do que tenho vivido me levou a ter uma única crença: ciúme ou amor – os dois não coexistem.

 

Identifico-me muito com a música dos Tribalistas “Já sei namorar”. Em determinados trechos ela diz o que é preciso saber, em outros como é chato ter que fazer algumas coisas que os namoros possuem como prática.

Eu já sei namorar e sei beijar de língua, portanto posso ter um namoro.

Como já sei aonde ir e onde ficar, só me falta sair fora dessa.

Afinal, não tenho paciência pra televisão, eu sou de ninguém e sou de todo mundo e todo mundo que me quer bem é meu também.

Já tive alguns relacionamentos, e esse lance de ter que combinar os meus horários com alguém, de ter que ficar juntinho nos momentos que quero solidão, ou ainda ter que fazer passeio romântico quando quero sair para dançar, é muito difícil para mim.

Gosto do namoro como sendo uma relação afetiva mantida entre duas pessoas que se unem pelo desejo de estarem juntas e partilharem novas experiências. Porém, não gosto da definição de que trata-se de uma relação em que o casal está comprometido socialmente, pois isso me passa um peso de obrigação e de sequência obrigatória do casamento.

Ao pesquisar a palavra Namoro no dicionário Michaelis, fiquei perplexa ao ver que entre outras definições estão “Esforçar-se para conseguir o amor de” e “Desejar possuir”.  Socorro! Como assim, “esforçar-se”? Não deveria ser um processo natural? Como assim “possuir”? Não deveria ser “compartilhar”?

Não é à toa que nossa sociedade encara esse tipo de relacionamento com tanta carga emocional. Eu gostaria de encontrar um cara com vontade de ficar ao meu lado para o resto da vida sem querer privar minha liberdade. Porém, quando falo em liberdade, ninguém entende como privacidade saudável. Sempre há uma desconfiança de que liberdade está relacionada à libertinagem e pegação.

Só sei namorar com alguém que nunca queira casar, nem mesmo morar junto. Só namorar enquanto o relacionamento for bom para ambos, mantendo a liberdade de nos vermos quando estiver legal para ambos. Só sei namorar se for com sinceridade de dizer que hoje não estou a fim. Só sei namorar no modelo de compartilhamento de momentos, com outro modelo não quero.

 

Quando conheço alguém e me envolvo, um único desejo me habita: que as horas futuras sejam nada além de uma extensão do transcorrido. Mas, passada a despedida, quem será o remetente da primeira mensagem? Quem sugere as coordenadas para o próximo encontro? Há espaço para saudade ou devemos estar blindados de recusa?

Minha ideia é planejar um fim de semana repleto do outro e obter o noticiário do mundo particular que gira do lado oposto da cidade. Porém, estou sendo consumida pelo arquejo de uma vibração no celular que salve minha a agenda da inércia.

Questiono-me se essa expectativa também habita o sujeito. E estabeleço o meu caos interior enviando um esquizofrênico ͞Olá. A resposta não tarda em chegar e construímos um diálogo que percorre gostos musicais e histórias de vida até que alguma ocupação nos usurpe daquela masturbação psicológica.

Perco eu, perde ele e perdemos tempo.

Foram tantos caracteres, emojis e risadas dissimuladas, para retornar ao primeiro estágio desse teatro: amanhã quem será o remetente?

Questiono-me onde se encontra a praticidade que nos faria reproduzir dizeres revolucionários de “vamos sair hoje à noite? ou “Estou a fim de sair com você…”

Intimidamos-nos pela probabilidade da rejeição? Ou nos acomodamos transferindo a responsabilidade para o outro?

Além de uma mistura desses pontos, suspeito que, na verdade, somos amantes dessa dúvida do remetente por não querer descobrir que não nos desejam por destinatários.

 

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Eu fico comigo. Você fica com você? Eu me acho a minha melhor companhia. Me divirto comigo mesma, rio sozinha (e muito!), choro também (e muito!), ando de bicicleta, leio, estudo, medito, ouço música, fico de papo para o ar. Às vezes brigo comigo mesma, mas acho que é normal a gente discutir com a gente mesmo, né? Na minha opinião, se eu não me achar uma ótima companhia, quem vai achar?

Muitas mulheres esperam que seus namorados, maridos, companheiros sejam sua melhor companhia e vice-versa. Porém, essas pessoas não são suas próprias melhores companhias. Então como fica esse jogo? Duas companhias ruins que esperam que estejam bem acompanhadas. Que loucura!

Um espera do outro o que o outro não pode ser. Daí fica difícil. Então é melhor gostar de nós mesmas primeiro, saber nossos gostos, saber o que nos faz feliz, o que nos deixa tristes, o que gostamos de fazer, para que quando estivermos acompanhadas estejamos realmente acompanhadas e não largadas em cima do outro.

Não sou contra namoros, casamentos, ajuntamentos, enrolamentos, seja lá o que for… Mas que seja pela companhia, pelo acolhimento mútuo, pelo ombro amigo, pela diversão e um junto caminhar. Eu me amo e amo você também, meu amor, muito!

 

 

Era década de 90 e eles estavam na faculdade.

 

ELA, mega estudiosa, sentava na primeira fila.

Baixinha e magrela, porém divertida e desbocada.

Ela era quase uma antítese de si mesmo.

 

ELE sentava na última fila e colava em todas as provas.

Surfista, namorador e metido a gostosão.

Ele era quase um fenômeno resultante de bajulação.

 

Um belo dia ao chegar ao laboratório, ele oferece bala às garotas que estavam na fila à sua frente. Uma das garotas – “ELA” – prontamente respondeu:

– Não quero bala (propositadamente sem utilizar a palavra “Obrigada”). Se fosse querer algo seu, seria um beijo, afinal não é o gostosão da sala?

Obviamente, ela imaginou que ele daria uma resposta vazia e sem graça, do tipo intimidado com sua atitude, tal como todos os homens sempre reagiam, ainda mais estando na presença do professor. Porém, ELE não era como os demais. De forma simples e natural, inclinou-se com os lábios na direção dos dela, que não pôde recuar para não cair em descrédito e ali se beijaram na presença de todos.

O rompante ocorrido quebrou qualquer barreira de relacionamento que poderia haver entre os dois, tão diferentes indivíduos.

Ao longo dos dias, tornou-se um hábito dos colegas a oferta de bala para a garota, e ela, agora namorada do tal metido, respondia apenas com um sorriso.

Os anos se passaram e, no último ano de faculdade, ELE a pediu em casamento, novamente na sala de aula, sem nenhum glamour e de forma espontânea. Ela gargalhou, pensou ser brincadeira, o magoou, mas ao perceber que ele estava falando sério, teve a oportunidade de dizer o “sim”.

E, assim, ELES viveram felizes para sempre, em um conto de fadas simples, nada glamoroso, mas cheio de intenções e amores.

 

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