Eu era sua o tempo todo e de repente só não sou mais.
É engraçado como uma hora ou outra a gente acaba se acostumando com a ausência.
Logo que você se foi, ou, de forma mais justa, logo que eu deixei você ir, eu só queria que o tempo passasse. Passasse daquele jeito que a gente sabe que uma hora passa e leva consigo todas as crises, a falta, a lembrança… E quando a gente espera, ele sempre enrosca.
Mas passou. E quando passou percebi que não era amor, era apego e tudo bem.
Uma carência estranha que parecia que só você conseguiria preencher, mas não. E cá entre nós, que sorte que não. Não dava mais para esperar você resolver sua vida pra me ajudar a cuidar da minha.
Tá tudo bem de novo.
Vinha dividindo minha rotina com alguém que, como todas minhas amigas diziam, simplesmente não merecia.
É tudo meu de novo, e por mais egoísta que isso pareça, é assim que eu me sinto confortável. Voltei a gostar da minha vida sozinha, de ver filmes sozinha, de cozinhar sozinha e de olhar o céu sem me lembrar de você.
Gosto de estar de volta ao controle, e se ter o controle significa não ter você, ouso dizer que gosto de não ter você por aqui.
Foi bom enquanto durou, mas passou. E se a melhor parte de nós foi você passar, volto a dizer, não era amor, era apego e tudo bem.
            
          
          
         
                
                
            
            
            
            
                 Talvez eu tenha demorado demais para falar de vez com você sobre isso, porque sei que no final sua resposta vai ser algo bem próximo de um simples “Tá bom, se vai ser melhor para você…”, enquanto o que eu realmente queria era “Não, vai dar tudo certo, eu vou ficar com você”. Isso traz a responsabilidade de decidir logo para quem eu devo torcer na batalha que tem acontecido dentro de mim, entre você e o meu ambiente seguro.
Não sei como tudo isso aconteceu, eu era outra pessoa antes de você. Eu simplesmente não me importava. Estava bem sozinha e não era da boca para fora. Eu fazia de tudo: via séries deitada na cama, dormia domingos e domingos, ia sozinha ao cinema assistir o que eu bem entendesse (com direito à pipoca e tudo), eu não tinha ninguém em vista, então podia ser qualquer um quando eu quisesse pelo tempo planejado. Eu fazia minha comida ou pedia algo pronto, estava ok. Era focada 100% no trabalho e esse é meu momento para isso mesmo, pelo menos era o que eu acreditava.
Você veio bagunçar e me diz pra quê?
Chegou aos poucos simplesmente se importando, e , sinceramente, não sei administrar isso muito bem. A gente ficava quando dava e conversava o tempo todo, porque sim. Eu achei que seria mais fácil te encarar como mais um, mas não foi.
Você foi diferente, sabe. Você era tudo que eu esperava do meu amor platônico aos 13 anos e a única coisa que fiz quando descobri foi chorar no chuveiro e dizer que precisava ficar um pouco sozinha.
Mas eu não sei viver assim, eu não consigo. Quando isso acontece, eu sou a presa e só consigo desejar que não seja hoje o dia que decidiu desistir de mim, porque sei lá, eu não tenho nada demais.
Talvez seja apenas insegurança e no final das contas fosse dar tudo certo entre nós, mas  demorei para aprender com os outros e não vai ser dessa vez que estarei disposta a arriscar por você. Obrigada, mas acabou, porque resolvi não esperar mais.
            
          
          
         
                
                
            
            
            
            
                  
Engraçado o poder que a frase “estou solteira” surte em uma mesa de bar. De repente surgem milhões de cupidos desesperados querendo cumprir a missão de lhe arrumar um grande amor ou simplesmente um outro alguém.
Encontro de amigas em um domingo comum.
Amiga 1 – Meninas, terminei com o Ricardo, não dava mais certo, 2 anos jogados no lixo.
Amiga 2 – Nossa amiga, que triste! Mas não fica assim, tenho um amigo ideal para te apresentar, super bom moço, vocês vão se dar muito bem, eu tenho certeza!
Amiga 1 – Acho que vou passar, estou precisando curtir um pouco mais a vida, sabe?
Amiga 2 – Oba! Vamos curtir e já chamamos o Leo para sair com a gente, ele não quer nada com nada, mas é um gato, isso sim é aproveitar a vida. Mas tenho o Cris, o Jonas, o …
Amiga 1 – Meu Deus! De onde saiu tanto amigo?
Sempre que saio com “elas”, imagino aquelas revendedoras de cosméticos que logo tiram da bolsa o catálogo (também conhecido como Facebook) e destampam a contar todos os defeitos e qualidades do “produto” da vez. Confesso que já caí em algumas compras às cegas, mas tenho experiências não muito boas que prefiro dividir com vocês em outra ocasião (aguardem).
Mas não são só amigas que estão no plano “desencalhamento” do mundo. Temos as tias, os tios, primos, amiga da prima, filho da vizinha, a vizinha, a concunhada da tia-avó do dono da padaria da esquina e nem estou contando sua mãe porque ela já virou “café-com-leite”. Ufa!
Posso ficar solteira, por favor?