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Incompreendidos introvertidos, ainda resta esperança para nós

Você quer mais é passar as férias lendo um bom livro e ouvindo música em vez de fazer uma festa num cruzeiro? Tem horror a jogar conversa fora e está muito mais sujeito a discussões profundas? Prefere conhecer diversas cidades, restaurantes e baladas, ou recarregar sua energia sozinha, no seu canto e de pijamas?

Abrimos passagem para um número limitado de estilos. Dizem que, para sermos bem sucedidos, temos que ser ousados, e que, para sermos felizes, temos que ser sociáveis. Temos portanto o mundo como o dos extrovertidos, perdendo de vista o que realmente somos. Às vezes escondendo-nos de nós mesmos, pois vivemos num sistema de valores onde reina o ideal da extroversão.

Isso posto, a introversão é hoje uma característica, digamos, de segundo nível. É considerada como algo entre uma decepção e uma certa patologia, pois no contraponto pessoas extrovertidas são avaliadas como mais espertas, mais inteligentes e bonitas e mais interessantes como amigas.

Ainda continuam cometendo um erro grave ao padronizar as características do extrovertido como padrão ideal e desejável.

Da teoria de relatividade aos ensinamentos de Gandhi, vários feitos vieram de pessoas quietas que sabiam se comunicar com seu mundo interior e seus tesouros. Chopin , Proust, Einstein, Al Gore, Sena, entre vários outros, não realizaram suas conquistas “apesar de” serem introvertidos, mas sim,“por causa” da introversão.

Mesmo assim, diversas – senão várias – instituições que participamos em nossa vida contemporânea foram criadas para que trabalhemos em grupo, para que aumentemos nosso relacionamento interpessoal. Para crescermos na carreira, precisamos constantemente nos expor e nos promover descaradamente. Para sermos reconhecidos no grupo da escola, precisamos ser o centro das atenções.

Se você é um introvertido, deve se lembrar de alguns momentos típicos que lhe marcaram, seja na infância ou na vida adulta. Talvez seus pais já pediram desculpas a alguém pela sua timidez, ou você sempre ouvia que devia sair da concha, ou sempre era objeto de comentário sobre ser quieto demais a ponto de ser chato. Já como adulto, ainda deve sentir uma certa culpa quando recusa um convite para jantar para ficar lendo um bom livro, ou quando vai ao restaurante sozinho, ainda que sob os olhares de pena do garçom e dos demais clientes.

A boa notícia é que vários estudiosos começaram a revelar a ideia que está mudando a forma de ver o mundo. Eles estão respondendo perguntas como: Por que há pessoas tão falantes no mundo, enquanto outras preferem ficar quietas? Por que pessoas se sentem tão confortáveis em posição de autoridade ou têm necessidade de mostrar que detêm o conhecimento de tudo, enquanto outras preferem não ser lideradas e preferem também guardar sua sabedoria em seu próprio mundo? A preferência pela extroversão é uma ordem natural ou foi determinada ao longo dos tempos?

São perguntas que demorarão a ser respondidas e certamente já geram profundas discussões para psicólogos e neurocientistas. Mas, o mais importante é que o início desses questionamentos suscita um novo senso de que o introvertido tem o direito de ser como é. Um autêntico pensador.

 

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Paulista de 46 anos, estado civil volátil. Ex-executiva que cansou da vida escrava e resolveu ser atriz, escritora e filósofa nas horas vagas. Cursou Engenharia, Direito, Administração e tem MBA, mestrado, doutorado e o diabo a quatro, mas não recomenda a ninguém. Morou 4 anos em Londres, onde foi colunista em jornais e revistas locais. Provocadora e introspectiva, adora questionar o status quo. Escreve um pouco de tudo e pensa tudo sobre pouco.

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