Segredos íntimos
Quando percebi que o meu corpo existia para me proporcionar prazer, além de simplesmente carregar a minha cabeça, tive um choque. Cresci ouvindo várias coisas sobre como as mocinhas deviam se comportar e, definitivamente, tocar as minhas partes íntimas não constava no manual de boas maneiras.
Como eu poderia dividir com alguém que eu gostava de me tocar? O que iriam pensar todas as pessoas, que diziam à minha mãe que eu era uma menina muito linda e educada, se soubessem que, em alguns períodos do mês, eu ficava alucinada, esperando a noite chegar, para então me tocar e sentir aquela sensação intensa seguida de uma leveza incrível.
Por muitos anos vivi este desejo oculto por mim mesma, um segredo íntimo e absoluto, o qual somente eu conhecia a viagem delirante que eu mesma me provocava e proporcionava. Passado o efeito delirante de prazer, vinha uma certa vergonha e o medo de ser descoberta; afinal, como ficaria minha reputação se descobrissem que eu sentia prazer sexual?
Acreditei que após realizar o segredo máximo, entregar meu corpo a um homem e finalmente perder minha virgindade, teria superado todos os preconceitos e estaria livre para expressar toda a minha libido. Mas não foi bem assim.
Descobri que a liberdade sexual já estava comprometida com o universo masculino e para as mulheres que tinham interesse em desfrutar dos prazeres sexuais, o melhor a fazer era se associarem a um homem. Isso mesmo, homem no singular, porque a regra diz que mulheres só tem prazer com um único homem. Hoje tenho meus objetos de prazer, moro sozinha e então não preciso esperar a noite cair para me divertir comigo mesma, mas será que já estou livre dos preconceitos da sociedade que ainda moram na minha cabeça? Para quem tem 20 anos, talvez eu esteja falando sobre algo muito absurdo, afinal, conhecer o próprio corpo faz parte do desenvolvimento natural de qualquer mulher. Mas, pense bem, você está livre para tornar público seus segredos íntimos?











