Sob a paz da embriaguez
Eu: Como foi o fim de semana?
Ela: Só lhe conto se você escrever.
Eu: Aprontou o quê desta vez?
Ela: Se está interessada lhe aconselho pegar lápis e papel.
“Meu corpo está nu, em êxtase e quase incapaz de abrir os olhos. Assim que eu recuperar o fôlego, poderei confirmar que não conheço o lugar, não conheço a pessoa e não me reconheço, por ora só sinto o prazer me consumindo.
Não quero esperar pela manhã, mas não tenho capacidade de pedir um táxi nem de guiar meu carro, até porque não sei onde ele está. A minha última lembrança revela um ardente beijo que outra mulher acertou na minha boca.
Uma pessoa na cama me beija, acho que é ela. Não tenho força para retribuir nem para recusar, só quero flutuar para a minha casa, não será possível, tem um corpo nu sobre o meu. Minha cabeça gira e naquela confusão de memórias e saliva, uma coisa certa: transei novamente com o álcool.
Não me recordo qual foi a última vez que me envolvi de fato com a pessoa que estava comigo, a embriaguez me usurpou desse momento. Não sei quando aprendi a ser assim. Não sei se sou uma boa amante – provavelmente não. Não sei se tive bons amantes. Eu não me importo, eu sinto o gozo e isso me basta, não existem rostos para identificar o meu clímax.
Meu estado parece uma mescla de ninfomanismo e dependência alcoólica, mas eu sinto paz. Não tenho pudor e, para ser sincera, a sobriedade me enoja.
Publique Glória, essas palavras são suas.”
Eu: Estou sem ar, você precisa de ajuda?
Ela: Não, mas se alguém precisar, que me procure, tenho muita vodca!












