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Um dos maiores motivos pelos quais as pessoas sentem medo só de pensar em ficarem sozinhas advém de fatores meramente históricos e que felizmente, a história tem mudado.

Por muito tempo, estar só era sinônimo de não ter conseguido prender um macho e não conseguir estabelecer uma relação mais duradoura. Nós, mulheres, éramos então chamadas de solteironas ou encalhadas. Além disso, sempre se ouvia perguntas como “já está namorando?”; “ainda está sozinha?”; “não arranjou ninguém ainda?”. Fato é que já há alguns anos, poucas eram as mulheres que voluntariamente escolhiam ficar sozinha. Até porque a própria sociedade as faziam pensar que de fato não ter um parceiro era indício de alguma incompetência.

Bem verdade que ainda há esse certo estigma, mas felizmente as coisas estão mudando. Hoje em dia o número de pessoas que vivem sozinhas é muito grande. Assim como o número de pessoas que se separam para viver sozinhas em detrimento de uma relação difícil e desgastante tem aumentado significativamente.

Não é à toa que diversas indústrias do mercado tem faturado muito com esse tipo de público. Alimentação em pequenas porções, imóveis pequenos e cada vez mais funcionais e assim por diante.

Hoje, cada vez mais vamos em festas sozinhas ou em baladas só com as amigas, sem vergonha ou constrangimento. Vamos ao cinema sozinhas, ou até mesmo queremos ficar em casa. Simplesmente ficar em casa em nossa própria companhia, lendo um bom livro ou ouvindo uma boa música.

Não estou aqui pregando a solteirice, tampouco amaldiçoando o casamento. Até porque já estamos cansadas de saber que aqui no Solteirar, o lema é liberdade, independente do estado civil. Mas a grande pergunta é: Afinal, viver sozinha significa escolha ou consequência da vida? Com a qualidade de vida das pessoas solteiras cada vez melhor, assim como os preconceitos indo cada vez mais por água abaixo, a resposta a essa pergunta vai ficando ainda mais clara que só pode pender para um caminho: Viver sozinha definitivamente é uma ESCOLHA.

Pessoas com liberdade de viver, de ir e vir e de não ter que prestar contas a quase ninguém, não estão mais dispostas a fazer muitas concessões ou trocar o MARAVILHOSO MUNDO de Estarem Sozinhas. As relações continuarão existindo e não são contraditórias ao Estar Sozinha ou Ter Liberdade, mas são relações, que para serem bem sucedidas nos dias de hoje, precisam de mais respeito à individualidade.

 

Nesta sexta-feira década, parece que voltamos à era do feminismo, dos direitos da mulher, das discussões exaustivas sobre as diferenças entre o homem e a mulher. Nunca antes foram tão debatidas questões como o empoderamento das mulheres, independência e liberdade feminina.

Porém, o que nunca fica claro nessa estória toda é que nessa discussão não significa que nós mulheres não queremos mais relacionamentos,  pois sempre ouvimos que mulheres independentes são as mal amadas, ou as que não sabem conviver com alguém. Mentira. Continuamos sim desejando um romance com todos os benefícios que ele geralmente traz. É fato que um relacionamento com uma mulher independente é um pouco mais desafiador para os homens. Mas ao mesmo tempo, as recompensas para eles podem mais que valer a pena para um relacionamento saudável.

Nós, mulheres independentes, somos emocionalmente mais fortes. Somos auto suficientes. Os homens não precisam o tempo todo ter que nos defender ou nos proteger. Isso, em momentos difíceis facilita a relaç ão. Os mimimis passam a ser irrisórios. As picuinhas não existem e os conflitos são tratados de modo mais maduro.

E, como somos mais bem resolvidas, não ficamos o tempo todo contando detalhes e futilidades do que fizemos no dia a dia. Ligar toda
hora para avisar que vamos sair com as amigas ou que não vai naquele Happy Hour com seus amigos, pode esquecer. Definitivamente não  perdemos tempo com isso. O que não significa que estamos desinteressadas ou que não sentimos ciúmes de vez em quando, mas sim, somo mais seguras quanto a isso.

Geralmente somos mais reservadas no início sobre assuntos mais relevantes de nossa vida. Por essência, somos mais desconfiadas e
sempre achamos que não devemos satisfação a ninguém. Mas homens, não se preocupem. Com o tempo nós passamos a compartilhar nossas vidas mais facilmente.

Gostamos sim de boas e profundas conversas. Não exatamente daquela famosa DR – Discutir Relação; e sim, de conversas atuais e de conversas inteligentes. Além disso, queremos que eles nos ouçam atentamente  sempre. Facilmente descobrimos se eles não estão prestando atenção no que estamos falando.

Agora, um dos pontos mais importantes que os homens devem saber sobre as mulheres independentes é que mesmo gostando muito de estar com eles, queremos ficar sozinhas de vez em quando. Costumamos fazer isso em verias ocasiões. Garante e fortalece nossa necessidade de independência.

Resumo da Ópera: Em tempo de independência, ainda queremos um bom relacionamento, embora não precisemos dele. Uma mulher independente gosta de passar o tempo com seu namorado, mas ela não precisa passar o tempo com ele. São coisas bem diferentes. Ela não tem problemas em ficar um bom tempo da semana sozinha. O que, olhando sobre a ótica dos homens, há um aspecto bastante relevante: quando de fato estamos juntos é porque realmente gostamos de estar juntos.

 

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Éramos nós e uns poucos metros quadrados. Não tínhamos varanda, mas havia sempre a companhia para assistir o pôr do sol da janela. Tínhamos o mesmo quarto, o mesmo armário e, com sorte, o mesmo luar no nosso céu. Era apertado, mas tínhamos tantas palavras e um riso fácil para esperar o sono chegar.

Um dia, quando acordamos, os metros quadrados tinham aumentado, havia paredes, portas e trancas sob o teto e já não se ouvia a risada. Era o mesmo caminho: da porta de entrada à minha cama, às vezes cantarolava o meu silêncio e às vezes só dormia. Em nossos poucos encontros, a distância do hall não nos permitia ouvir as nossas vozes.

Somos o mesmo velho par, mas há muita coisa por aqui. Só não entendo se nos perdemos nesse espaço mal aproveitado ou se, na verdade, não somos o suficiente para completar nossos vazios.

 

Desde que me divorciei eu moro sozinha. É uma delícia, vivo igual a uma rainha onde meu reino é meu lar.

Acordo esparramada na cama, no meu tempo, medito e levanto já colocando uma música bem animada para despertar. O banheiro…. ah o banheiro…. é só meu, sem ter que esperar ninguém, sem ter que dividir com ninguém. Faço meu café ouvindo as músicas mais bregas possíveis e cantando no meu ritmo, totalmente desafinada. Adoro! Vou trabalhar e a cama fica lá, por fazer.

Quando volto…. Paz!!!! O silêncio é uma benção e a casa ficou exatamente do jeitinho que eu deixei. Coloco agora uma musiquinha calma para relaxar. Na geladeira estão minhas comprinhas, não preciso me preocupar se alguém atacou minhas gostosuras durante minha ausência. Janto tranquila à luz de velas. Sim, eu coloco a mesa melhor do que se fosse convidar alguém para jantar. Às vezes danço sozinha também, pareço uma louca, mas e daí? Não tem ninguém para me recriminar.

Hora da tv. O controle é meu!!!!

Após o banho, posso sair pelada pela casa. Bom, não é mesmo? Lógico que nem sempre é viável, pois em São Paulo faz frio. E a cama me aguarda, enorme, só para mim, do jeito que eu gosto. Sei que vou dormir muito bem sem ninguém para me atrapalhar.

Solidão? Que nada. Eu fico comigo e sou a minha melhor companhia. Eu adoro morar sozinha, e você?

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A verdadeira liberdade é um ato puramente interior, como a verdadeira solidão: devemos aprender a sentir-nos livres até num cárcere, e a estar sozinhos até no meio da multidão.”

Massimo Bontempelli

 

Gosto de colocar uma música alta, fechar os olhos e me sentir só, me sentir meu.

Gosto de cinemas vazios e filmes tristes, de me entregar ao momento, me por em lágrimas e sonhar.

Não gosto dos meus medos (que são muitos), mas gosto de vencê-los.

São as tardes de chuvas olhando pela janela que esvaziam minha mente e me fazem acalmar.

Pelo direito a dias inteiros trancada no quarto, com pequenos movimentos apenas para pegar algum pacote de besteiras ao alcance das mãos.

Ao não me importar, não me justificar e não socializar.

Poder deitar na grama, olhar para o céu e sentir. Mesmo que seja o sentir-se insignificante meio a imensidão do azul e algodão.

Ao me respeitar.

Ao poder ser fraca, conhecer meus limites, contorna-los e seguir.

Ao viajar. Viajar pelo mundo ou pelos pensamentos.

Pelo direito a ser só, a gostar de mim e não precisar.

Ao me bastar, me conhecer e me completar.

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Minhas primeiras lembranças de infância remetem a ocasiões de fascínio desenhando e ouvindo minhas músicas prediletas… Sozinha no meu canto, claro…

Difícil imaginar quantos esboços cheguei a fazer já sonhando com as futuras tattoos e quantas horas passei isolada do mundo criando histórias em quadrinhos com personagens esquisitos.

Lembro-me perfeitamente como o espírito demoníaco tomava conta da minha versão garotinha desengonçada quando qualquer ser ousasse interromper meu sagrado templo de introspecção. A reação era um olhar tão ou mais assustador do que o da menina satânica do filme “O Chamado”. E essa acolhida calorosa produzia resultados consideráveis: poucos se obstinavam a me resgatar da imersão absoluta… O verdadeiro éden terreno que durava até ser interrompida pelos irmãos e primos, que pagavam caro por isso.

E nada mudou até hoje. Mas tranquilizem-se: atualmente moro sozinha. O perigo a terceiros intrometidos está sob controle. Também nunca abro mão de amparar os loucos minguados que desejam passar a noite comigo: eles são sumariamente ejetados do apartamento muito antes de correrem o risco mortal de me acordar ou de estar ao meu lado assim que o despertador tocar.

Viagens? Sempre que insisto no fatídico erro de tentar uma nova alternativa ou uma nova companhia, imediatamente prometo que da próxima vez será como sempre deveria ter sido: sozinha. Não há nada melhor do que uma viagem solo, inclusive para conhecer pessoas e aproveitar até o ponto em que isso é divertido.

Trabalho? A pataquada do “trabalho em equipe” é puro engodo de espertinhos “braços curtos” querendo distribuir (ou melhor: transferir) a responsabilidade para os que “se concentram”.

Esporte? Tudo bem, jogar e assistir futebol é um tesão em qualquer circunstância. Mas os individuais também não deixam a desejar…

As exceções: Os minutos de adrenalina coletiva e, principalmente, os encontros com as grandes amigas e amigos. Esses têm direito de me interromper sempre. Especialmente porque eles me conhecem e sabem que não posso abster-me por muito tempo do isolamento.

Só os evito nos eventos com vários casais, festivais da dissimulação em que não se ouve uma frase sequer conectada com o que é dito pelas(os) amigas(os) quando desacompanhadas(os) dos respectivos cônjuges. Odeio participar de processos seletivos para escolher o melhor casal representante dos comerciais de margarina, o marido mais “macho” e a mulher mais zelosa. Ineditismos são raros, inclusive quando surge alguma briga que, aliás, também segue rigidamente os roteiros permitidos: futebol e política para homens, maridos descuidados, ciúmes bobos e as dificuldades em lidar com os pimpolhos para as mulheres. Evito essas interações para manter a pressão arterial em seu devido lugar e o fígado pronto para os encontros que valem a pena.

Medo de ficar sozinha? Nem um pouco. A propósito, nem temo os fantasmas que, apesar de não serem camaradas, nunca tiraram meu sono.

E morrer sozinha, como fica? Na prática, se você não “bater as botas” sozinha, muito provavelmente morrerá numa catástrofe. Em situações normais de temperatura e pressão, estaremos sozinhos no instante do último suspiro. Em muitos casos até incomunicáveis. Por outro lado, considerando a perspectiva “cuidados na decrepitude”, mesmo que você esteja casada hoje, até seus momentos derradeiros você poderá estar divorciada ou viúva (aliás, o cenário mais provável para as mulheres, que “duram” um pouco mais do que os homens)… E, mesmo com filhos, nada garantirá que eles cuidarão de você ou que você aceitará se transformar numa tortura para eles. Enfim, não há muito por onde se safar…

Para mim, pior do que a morte é me tornar uma incapaz e não mais conseguir “ficar sozinha”. Esse sim é o meu maior pesadelo. Prefiro mil vezes estar a sete palmos do chão…

E, finalmente, antes que vocês me perguntem, lá vai: nem quando o vírus da demência me infectou resisti ao isolamento por muito tempo. Solidão, vício incurável…

Afinal, eu só quero e eu só penso em Solteirar…

 

Solteirando pelas redes sociais